...

...

No ar: ...

...

Bem Vindo!


Mensagem do dia
Tudo que criamos para nós de que não temos necessidade se transforma em angústia, em depressão... Chico Xavier.
Fraternal Web TV

Pai, afasta de mim este cálice – uma análise

Publicada em: 12/07/2025 19:36 - Artigos

 




 

Três evangelistas se referem a estas palavras de Jesus: Mateus, Marcos e Lucas.

Em Mateus:

“Adiantou-se um pouco e, prostrando-se com a face por terra, assim rezou: Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres". São Mateus, 26-39.

Em Lucas:

Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. Lucas. 22-43

Em Marcos:

E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres. Marcos, 14-36.

Se analisarmos apenas literalmente, os textos sugerem que Jesus, prevendo ou sabendo de antemão o que lhe aconteceria a seguir, pediu a Deus que aquilo tudo fosse tirado dele. 

Há, contudo, fortes razões para que não acreditemos nesta hipótese:

1 – Jesus, dada a sua superioridade espiritual, não sofreria as dores físicas se assim desejasse. Hoje, os estudiosos da neurociência nos indicam meios de vencermos a dor, pela anulação dos seus efeitos a partir de uma vontade determinante do Espírito.

2 – Estava dito anteriormente pelos Profetas que o antecederam que aquele momento aconteceria. Vejamos:

Mas tudo isto aconteceu para que se cumpram as escrituras dos profetas. Então, todos os discípulos, deixando-o, fugiram.
Mateus 26:56

O pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão. Mateus 26-31. Então Jesus lhes disse: Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim; porque está escrito: Ferirei.

3 – Quando Pedro fere a orelha de Malco, eis o que disse Jesus:

Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão. Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos? Mateus 26:52,53.

Conclui-se, portanto, que Jesus tinha pleno conhecimento do ato e não interferiu nele, daí que não se pode dizer que o “Afasta de mim este cálice” seria uma expressão de fraqueza ou medo. Mostra, antes, a divina obediência de Jesus aos desígnios de Deus.

Mas, então, por que ele o teria dito como acima exposto pelos evangelistas?

Ora, Jesus detém o conhecimento profundo do homem e seus movimentos evolutivos. Com a anunciação do Reino de Deus dentro e fora de cada um, presume-se que o homem encaminhe sua evolução de forma diferente, buscando o amor e a sabedoria como referências, caso contrário sofrerá muito até encontrar-se definitivamente com a glória de Deus em si mesmo.

Jesus deseja o crescimento rápido do homem. Além de ser o organizador e mantenedor do Planeta é também o símbolo do cristo interno que há em cada um de nós. A sua crucificação no calvário representa simbolicamente a crucificação que fazemos do cristo interno, impedindo nossos crescimentos em direção a Deus.

Pai, afasta de mim este cálice é, portanto, numa análise profunda da alma, o brado do cristo interno pedindo ao seu criador que afaste dele as intérminas injunções do ego inferior que nos impede de crescer espiritualmente.

Há, portanto, que deslocar o brado de Jesus em favor da humanidade e entender o brado que o nosso cristo interior faz continuamente enquanto o prendemos e açoitamos pelas nossas ignorâncias e descasos com a evolução espiritual. 

Observa-se ainda que desde o início Jesus já possui o plano de libertar o homem dos seus atrasos espirituais. Utilizou para isso os Profetas que anunciaram esta mensagem incrível, que ele entregaria a todos nós, momentos antes da sua crucificação como a nos dizer: Parem de continuar crucificando o seu cristo interno!

Não era Jesus quem pedia o afastamento do cálice. Ele, apenas, aproveitando o momento, mostrou-nos como nossos cristos internos bradam constantemente a nosso favor. Pois, como ele disse que bastaria um pedido dele ao Pai que legiões de anjos o tirariam dali. Mas era necessária a lição daquele momento para o homem. Ele, o cordeiro de Deus, imolando-se para que o homem aprenda e se liberte para o Pai, assim como Ele, liberto, fazia cumprir a vontade do mesmo Pai.

Esta é uma análise que deve se juntar a outras tantas que não coloquem Jesus como um Espírito fraco que foge do perigo e sim como um Ser extremamente superior que não teme o perigo para ajudar ao Pai a fazer seus filhos inferiores encontrarem o caminho das suas redenções espirituais.

Belíssima e profundíssima esta passagem no Monte das Oliveiras. Que a entendamos, enfim.

 

por Guaraci de Lima Silveira


 

Compartilhe:
COMENTÁRIOS
Comentário enviado com sucesso!
Carregando...